quinta-feira, 20 de junho de 2013

Somewhere Only We Know

“Eu andei por um lugar vazio e eu conhecia o caminho como a palma da minha mão. Eu senti a terra sob meus pés, sentei próximo ao rio e me senti completa. Apenas uma coisa simples: pra onde você foi? Eu estou envelhecendo e preciso de alguém em quem eu possa confiar. Então me diga quando é que você vai me deixar entrar. Eu estou ficando cansada e preciso de um lugar para recomeçar. Eu segui uma árvore caindo, senti como se todos os arbustos estivessem me observando. É este o lugar que nós amávamos? É esse o lugar com o qual eu venho sonhando? Este poderia ser o final de tudo, então por que nós não vamos até aquele lugar que só nós duas conhecemos? Por que não conversamos sobre isso em um lugar que só nós duas conhecemos? E me diga apenas uma coisa simples: pra onde é que você foi? Será que você vai me deixar entrar?” 

— x —

Aquilo não era nada parecido com as coisas que eu costumava sonhar, nem de longe. Não havia psicodelia alguma naquele sonho, mas por alguma razão era um bocado tranquilo naquele lugar e me dava vontade de ficar por ali mesmo, me dava paz. Uma paz magnífica, algo que eu não havia experimentado antes em lugar algum. Nunca gostei muito de jardins ou bosques, mas bosques principalmente, não sabia jamais o que poderia encontrar atrás daquelas árvores e logo me via aterrorizada, mas naquele momento me senti apenas tranquilizada, como se nada pudesse me atingir ali naquele lugar. Talvez aquele jardim imenso me trouxesse tanta paz dado o fato de que eu havia sido criada a vida inteira em apartamentos quase claustrofóbicos e nunca houvesse tido a oportunidade de cultivar um jardim ou apenas observar um jardim cultivado pela minha mãe. Mas aquele jardim era tão bonito que eu poderia passar o resto da minha vida ali facilmente, sem nem pestanejar. Ou talvez eu estivesse tão segura de que gostaria de ficar ali por um pouco mais de tempo por causa da companhia. Engraçado como em sonhos os quadros de acontecimentos nos surpreendem de formas quase abstratas. Dois segundos atrás eu podia jurar que estava ali sozinha. Mas a mais absoluta verdade é que eu jamais imaginei que logo num momento tão tranquilo como este, seria aquele o rosto que viria me tranquilizar, mas de qualquer forma era ela quem estava ali e eu não parecia estar assumindo a minha pose dura, não havia me colocado na defensiva dessa vez. Ela estava bem diferente do que eu podia me lembrar, a ação do tempo lhe havia transformado um pouco os traços, estava mais séria, parecia mais segura de si, mais feliz. Arriscaria até dizer que ela estava segura de nós duas. Eu não queria pensar muito, porque sabia que se isso acontecesse, eu não poderia me responsabilizar pelas palavras que saíram a seguir. E eu sabia bem demais que estas seriam duras e que toda aquela paz que eu estava sentindo se tornaria um inferno pessoal, em um piscar de olhos. Eu tinha tantos motivos para brigar, mas me parecia que pelo menos ali naquele breve momento todos os meus motivos se desmanchavam no ar e deixavam de existir. Talvez esse tenha sido o primeiro indício de que tudo aquilo não poderia ser real, mas era o que bastava, era a paz que eu havia buscado por tanto tempo.
Eu sabia que lá fora deveria ter alguém pra tentar me acordar, mas não haveria ninguém. É o que diz a lei da vida, que quando se precisava de alguém que lhe puxe de volta para a realidade, não vai ter ninguém ali pra você. Mas eu dificilmente acredito que conseguiriam me acordar, de qualquer forma, por mais que tentassem e tentassem. Pelo simples fato de que eu sabia que estava sonhando. E pelo simples fato de que independente de onde estivesse a minha realidade no momento, eu sabia exatamente onde eu gostaria de estar. E era ali, exatamente ali. E quando ela olhava pra mim com aqueles olhos meio assustados que eu conhecia já tão bem e piscava diversas vezes lentamente, de maneira sutil, sorrindo para mim toda tímida não havia mais certeza suficiente no mundo que pudesse se aplicar a mim naquele instante. Era exatamente ali o lugar onde eu queria estar. Era ali que eu queria ter estado outras vezes e eu não abriria mão agora. Nunca havia imaginado que embora tão diferente, ela seria exatamente do modo que eu sempre a estruturei na minha mente, aquela projeção era absurdamente realista e isso plantava em mim uma sementinha de dúvida, eu poderia até questionar em qual realidade eu estava sendo enganada, se naquela onde deveria estar tentando de todos os modos me acordar ou nessa onde eu finalmente havia conseguido estabelecer um estágio absoluto de paz entre ela e eu.
Os passos lentos que ela dava eram quase torturantes, eu tinha medo de que até ali as coisas ficassem incompletas, era a minha última chance de conseguir fazer com que uma das nossas memórias fosse realmente pacífica, sem dor, sem ressentimentos. O mais torturante, para mim, era saber que eu não podia apressar qualquer segundo que fosse daquele momento. E ao mesmo tempo, no fundo eu nem queria mesmo apressar nada, pois aquele momento, aquele pequeno momento era algo que precisava durar tempo o suficiente. Precisava durar tempo suficiente. Precisava ser suficiente.
Precisava valer por uma vida toda. Valer por uma vida.
Quando ela finalmente parou na minha frente, eu não pude evitar o sorriso que se formou em meus lábios, no início foi involuntário, mas depois eu mesma fiz questão de me certificar que sorrisse o quanto achasse necessário. Afinal, estava tudo finalmente acontecendo. Meu tão esperado sonho estava se realizando. Não importava o que tivesse acontecido ou quais tenham sido os motivos que fizeram nossas estradas tomarem caminhos diferentes, naquele momento a paz entre nós era tão grande que não possuía sequer aquele sentimento carregado de culpa e desculpas que não funcionavam mais. Não possuía aquele peso de todos os nossos erros e nem as nossas frustrações conquistadas ao longo de alguns anos. Eu não sei por qual motivo as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, porque eu estava rindo. Parecia até uma cena meio patética ou suficientemente clichê: chorar e rir ao mesmo tempo ao encontrar alguém que tanto se ama. Depois que pensei melhor, eu até acho que aquelas lágrimas deixaram tudo até um pouco mais bonito, porque logo os olhos dela também cederam às próprias lágrimas. Bem lá no fundo, era confortante saber que essa deveria ser a primeira vez que nós chorávamos de felicidade uma sobre a outra. Eu alcancei sua mão e ela não fez objeção alguma quanto a isso, então entrelacei nossos dedos. Queria ser mais alta que ela nesse momento, mas acho que a desproporção dos nossos tamanhos também dava um charme singular à cena. Ela me abraçou depois de um tempo, me abraçou forte, do jeito que eu sempre imaginei que seria. Eu era consideravelmente menor que ela e creio até que foi por isso que ela começou a rir sem parar ao me abraçar. Eu envolvi os braços ao redor do seu quadril e ela se abaixou o suficiente para depositar um beijo na minha testa.
Para ser sincera, sempre a imaginei uma menina pequena, porque para mim ela era a minha pequena, mesmo com aquele tamanho todo. Ela sempre agiu como uma menina e eu simplesmente não colocava na minha cabeça que aquele corpo condizia com quem ela era em espírito ou mesmo em mente. Às vezes quando eu conversava com ela, parecia que eu estava conversando com uma criança, ela sempre teve essa voz suave, esse jeito todo de menina. Essa personalidade frágil que eu sempre quis proteger do mundo todo. Talvez até dela mesma. Esse era o tipo de pensamento que me fazia rir, por mostrar quão irônicas as coisas podem ser. E também onde era possível observar o contraste gritante entre nós duas. Eu acredito que ela tenha me imaginado sempre bem maior nas suas fantasias, como alguém que pudesse protegê-la de verdade. Bem, eu a protegeria mesmo se não fosse capaz, era o que eu sempre quis que ela tivesse em mente. De certa forma, eu acredito que ela tinha, pelo menos ali. A minha personalidade, os meus modos, a minha voz, estes era apenas alguns dos atributos que também contrastavam de maneira divertida quando mesclados à personalidade dela. Eu era dura no meu modo de pensar – não que ela também não fosse… –, minha voz era um pouco mais firme. Eu agia como uma mulher, às vezes. Ou talvez um homem, como ela sempre gostou de brincar. Mas eu também era como uma menina, às vezes. Assustada, indefesa.
Quando ela estava prestes a se afastar, me apressei em segurar seu rosto com as duas mãos e olhar em seus olhos. Por toda a minha vida, aquele era o momento pelo qual eu mais havia ansiado: poder olhar dentro dos olhos dela, de perto e saber que pelo menos por um segundo ela havia sido minha, pelo menos pelo pequeno espaço de tempo em que o olhar dela cruzava o meu. A verdade mais absoluta escrita nas estrelas deveria ser esta: o momento em que o seu olhar cruza o olhar da pessoa que você ama é cravado no seu coração como uma marca permanente. Pois foi exatamente o que eu senti. Não posso nunca estar certa sobre ela, mas acredito que ela também tenha se sentido diferente naquele momento. Esse talvez pudesse ser o ponto suficiente do qual eu me referia, mas eu esperei tanto tempo por esse momento que poderia me dar ao luxo de ter um pouco mais.
Aquele jardim, os animais, as cores, o que era fantástico e irreal também, tudo aquilo ao meu redor tinha a cara dela, talvez um truque bobo para impressioná-la, já que aquela seria a única chance que eu teria de mostrar a ela o que tudo aquilo significava para mim. Embora tivesse certeza de que ela não iria comentar, sei que ela perceberia.
Não a beijei de surpresa, não seria assim e eu não queria que fosse. Minha vida toda foi rodeada de pessoas, várias das quais eu beijei até sem alguma lasca de puder, mas nenhuma que eu pudesse me lembrar de ter significado algo tão importante, tão absoluto ou mesmo extraordinário. Para mim aquele beijo na testa que ela me deu dizia muito mais do que uma troca de beijos sem sentido, mas ela estava perto demais para que eu simplesmente afastasse o meu rosto. O que eu fiz foi lhe beijar a ponta do nariz de maneira doce. Ela sorriu, acho que agi da maneira correta.
Não havia diálogos entre nós até ali e era tudo que eu precisava para compreender melhor ainda que aquela realidade simplesmente não poderia ser genuína. Mas era tudo o que eu tinha e tudo que eu teria. E era tudo o que eu queria, era exatamente onde eu gostaria de estar. De mãos dadas, nós caminhamos por aquele jardim que parecia imenso, talvez até infinito. Não falávamos, eu sei, mas não era necessário, talvez tanto tempo fosse suficiente para que finalmente nossas mentes estivessem tão conectadas que bastava um olhar para que a outra compreendesse o que fazer. Eu sei que teria sido assim e era justamente por esse motivo que estava sendo desse modo, de fato.
Não deveríamos falar, eu sei que não. Mas eu sabia que com ela, regras sempre seriam destruídas. Principalmente as minhas próprias.

Já faz tempo… — Ela disse um pouco perdida, cutucando a água do lago com um graveto. Talvez o meu jardim, na realidade, fosse mesmo um bosque. Ou talvez ele apenas se fundisse com os desejos dela, moldando-se perfeitamente no lugar perfeito para nós duas, um lugar que transmitisse tanta paz que seria impossível até aumentar o tom de voz. Tudo ali era suave e eu tenho certeza que se eu quisesse até mesmo comer uma das frutas daquelas árvores, seria a fruta mais doce que eu já provei na vida. Real demais para ser real.

Será que nós conseguimos? — Eu não sei o motivo daquela pergunta, mas eu acho que no fundo, eu sabia. Só havia um único motivo de estar ali com ela naquela paz tão absoluta. Ela sorriu e olhou para mim, logo em seguida voltando sua atenção para o seu graveto no lago.

Você crê que sim? — Comentou – ou me devolveu a pergunta, isso na verdade era bem típico dela – com um olhar vago, mas o sorriso ainda estava ali, apenas um pouco escondido. Em outro momento teria dito a ela que sim, mas eu sabia que não. Talvez em outro momento, pudesse ter sido exatamente daquele jeito. O que doía mais, era a minha capacidade de diferenciar meus sonhos da realidade tão bem. Mas aquele sonho em especial, me confundia, eu sabia que não era real, mas ao mesmo tempo, eu também sabia que ela estava ali comigo. Era possível? Será mesmo que minha mente seria capaz de pregar um truque em mim mesma, tão fabuloso que eu não saberia sequer diferenciar a minha realidade de um sonho? E faria isso justamente no que eu julgava ser o dia mais esperado da minha vida?

Você acha que isso é real? — Ela abandonou de vez o seu graveto e disse como se lesse os meus pensamentos. E como eu sempre previ que seria, colocou uma das mãos no meu rosto quando se virou para me olhar, encostando os nossos lábios e por um segundo a minha respiração vacilou, eu não consegui fechar os olhos imediatamente, eles permaneceram estupidamente abertos, mas recobrei minha consciência a tempo de não fazê-la pensar que eu não queria aquilo, a surpresa se juntou a excitação daquele momento. Pela primeira vez eu estava beijando a menina dos meus sonhos. Pela primeira vez eu estava beijando o amor da minha vida. E aquilo parecia mais real do que nunca. Quando acabou, nós nos abraçamos, ficamos por um bom tempo abraçadas, aconchegadas ali uma a outra. O cheiro dela era exatamente como eu havia imaginado, também.

Gostaria que fosse… — Eu sussurrei quando voltava a me afastar e ela sorriu novamente quando já podia ver meu rosto. Esperei pelo silêncio, mas ela parecia compreender que ele não nos ajudaria naquele momento, embora o apreciasse tanto e respondeu com a voz fraca.

Eu também. — Eu me aproximei novamente, nos beijamos várias vezes, mas nunca do modo como eu havia beijado qualquer outra pessoa. Aqueles beijos, cada um deles, continham tudo que eu havia guardado durante anos. Toda a angústia, as decepções, as saudades, os medos… O amor. Todo o amor que eu havia guardado a minha vida toda, o amor trancado a sete chaves. O amor que eu sentia por Emily. Todo esse amor era traduzido naqueles beijos à beira daquele lago, em um jardim secreto que ninguém seria capaz de tirar de mim.

— x —

Aquele dia, aquele único dia, durou em tempo real bem menos de uma hora. Foi o dia com que eu tanto sonhei. O dia com a minha garota – pois não acredito que ela algum dia tenha deixado de ser minha. O nosso dia perfeito. Juro que gostaria de não saber diferenciar os meus sonhos da realidade, juro que gostaria de me manter presa naquele sonho perfeito pelo resto da minha vida. Mas até o resto da minha vida também já está muito perto para que eu possa contestar sobre qualquer coisa. Eu pude controlar os meus sonhos, exatamente no momento em que eu precisei, mas no fundo para ser bem sincera eu sei que ela veio me visitar naquele dia exato. Eu sei que de algum modo impossível de explicar, nossas mentes se conectaram por algum espaço de tempo e ela pode sentir exatamente o que eu sentia naquele sonho. Talvez ela até tenha sonhado comigo também… Talvez o amor que eu sinto por ela seja capaz de agir de uma forma misteriosa e fantástica.
Não acredito que alguém possa me salvar, não mais. Já é tarde, eu não tenho mais tempo. Mas eu não espero que me salvem, na realidade. Não quero causar nenhum alarde e escolhi o modo menos bagunceiro de fazer isso, embora não fosse essa a minha vontade. Sempre tive esse sonho de me sentir livre em meus últimos momentos. Livre como um pássaro, voando pra longe. Em queda-livre. Mas não creio que tenha a coragem para tal. Escolhi então uma maneira mais rápida e menos dolorosa. Espero não causar muita decepção, tentei também fazer de um modo que o horror não seja a última lembrança relacionada a mim, já que sempre tive repulsa por filmes do gênero. Não pretendo me desculpar, pois já havia feito a minha escolha e é exatamente isso que eu quero, então não quero que ninguém se sinta culpado por mim. Eu não culpo ninguém, eu fiz essa escolha por mim mesma. Sã. Pois embora tenha apreciado a loucura durante toda minha vida, sempre tive uma mente estável e sã. Sei que não vão acreditar em mim, mas eu fiz essa escolha. E eu estou feliz com ela. Afinal de contas, bem nos últimos instantes, eu consegui uma forma de alcançar a paz que eu precisava alcançar. E acredito que minha missão aqui acaba. Não posso dizer isso com certeza absoluta, pois este conceito simplesmente não existe. Mas dou a minha palavra mais sincera. Do fundo do coração que eu pensava ter perdido.
Nessa vida, eu posso dizer que amei. Amei mais que poderia. Amei mais do que cabia amor em mim. E talvez, talvez lá no fundo, bem de longe, eu tenha sido amada de volta pela mesma pessoa. Eu nunca vou saber, eu nunca soube. Talvez não tenha sido doce, mas foi sincero. E pelo menos dentro de mim, foi verdadeiro em cada segundo. Em outra vida eu acho que teria feito algumas pequenas coisas diferentes, mas é como dizem, nós não podemos prever o futuro, não é mesmo? Eu não pretendia amar, eu também não pretendia errar. Mas eu amei. E eu errei, também. E agora eu acredito estar consertando alguns erros com essa decisão, principalmente o maior dos erros: eu mesma. A última lembrança que quis guardar comigo é uma lembrança de algo que nunca aconteceu – tanto quanto várias outras lembranças que eu tenho de nós. Eu controlei os meus sonhos, direcionei o nosso encontro de forma sublime e talvez tivesse mesmo sido exatamente desse jeito. Emily, você estava linda. Você é linda. Não acho que essa carta chegará até você algum dia, uma vez que eu não a direcionarei a você. Não a direcionarei a ninguém. Deste modo, ninguém vai achar que tem culpa ou influência nessa minha decisão.
Mas se por acaso esta carta caia em suas mãos por alguma razão, saiba que nós fomos ótimas juntas, por um dia inteiro. Você consegue imaginar isso? Pois acredite, eu consegui melhor do que imaginar, eu sonhei. Sonhei com tudo que tínhamos direito. Pode não fazer sentido a ninguém isso tudo que digo, mas peço a quem quer que leia, acredite em cada palavra que escrevo, faz sentido. Foi doce, tão doce como sempre imaginei que seria. Em um jardim que parecia ser do tamanho do universo. Quase um bosque! Um bosque que eu chamo de jardim, porque sei que você sempre gostou de jardins. Nosso lugar secreto. Nosso lugar especial. O lugar que nunca existiu em outro lugar se não na minha cabeça e na sua, eu sei que ele existe aí também, não teria conseguido construir aquele lugar maravilhoso sozinha, eu precisei da sua ajuda. Era tudo iluminado e bonito lá e posso jurar que todas as nossas músicas eram cantadas pelos pássaros, todas elas. E eu consigo me lembrar de tudo, de cada detalhe. Talvez essa seja a minha certeza de que tudo aquilo aconteceu mesmo e que quando eu precisei selar a nossa paz, você veio. Não importaria o quanto pudessem tentar me fazer acreditar no contrário caso eu não tivesse tomado a minha decisão, eu sei que aconteceu. Eu estive lá.
Eu espero que em uma outra vida ou talvez em um universo paralelo, a gente ainda tenha a nossa chance. Nós seríamos ótimas juntas, você sabia? Ótimas. É uma pena que não tenha sido aqui, agora. Mas quem sabe a gente ainda tenha muita coisa pra viver, você e eu. Mas a realidade é bem diferente das ficções, não é mesmo?

Alexia S.
 — x —
“Eu me lembro das lágrimas rolando pelo seu rosto quando eu disse que nunca deixaria você ir, mas todas aquelas sombras quase mataram a sua luz. Eu me lembro de você dizendo para não te deixar sozinha, mas tudo aquilo se foi e passou hoje à noite. Apenas feche os seus olhos, o sol já está se pondo. Você vai ficar bem, nada pode te machucar agora. De manhãzinha nós estaremos sãs e salvas.” 

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