quinta-feira, 20 de junho de 2013

Fly away, little bird...


"Take these broken wings and learn to fly."

Nada é permanente. Nem as nossas vidas, nem o que nós possuímos, nada, absolutamente nada é permanente. Eu comprei um pássaro há uma semana, estou pretendendo soltá-lo em breve. Eu disse que não falaria mais sobre você diversas vezes e sempre quebrei as minhas promessas. Hoje, eu não vou prometer isso, não vou mais prometer que não vou falar de você, que não vou me zangar com você, que não vou falar com você sem você nem estar aqui mais. Mas eu vou fazer uma coisa por você, talvez esta noite. Eu vou deixar você ir embora. E eu não vou mais esperar que você volte. Não houve nenhum ritual para isso, talvez se eu enfeitar um pouco mais a nossa história - que hoje é a sua história e a minha história e elas sequer se cruzam mais - eu consiga deixar que você vá embora, que seja livre. Eu já tentei queimar coisas, pra talvez queimar a memória viva que tinha de você em mim. Já tentei beber, pra talvez jogar você pra fora em qualquer sarjeta suja. Já tentei tragar você milhões de vezes e te assoprar pra fora, mas você insistiu em ficar nos meus pulmões. Então hoje, eu não faço mais promessas, não digo que não vou mais falar, nem que não vou mais voltar. Eu sei que eu não vou voltar e você também não vai. Eu só estava esperando pelo dia certo, não, não é nenhuma data especial, é um 20 qualquer, não lembro de termos comemorado algo em qualquer dia 20 dos nossos meses. O que eu esperava, era o clima correto. Ontem choveu, por isso o céu escondeu as estrelas. Antes de ontem e no dia anterior e no outro também, elas ficaram o tempo todo se escondendo no céu, parece até que não queriam mais aparecer, nem brilhar. Mas hoje eu vi algumas tímidas lá em cima piscando pra mim e hoje mesmo eu vou soltar o pássaro. Ele não é amarelo, na verdade, ele é só um pássaro preto que eu achei num aviário, ele é esquisito - e bonito - e ele não era caro, estava com a asa machucada quando eu o trouxe pra casa. Eu não queria comprar, mas conseguir pegar um pássaro livre na natureza não é fácil para uma menina da cidade como eu. Você, eu sei que conseguiria fácil, com todo esse seu amor pelo campo, pela natureza e pelos animais. Eu tive que ir pelo que seria mais fácil ou possível. Eu estou com esse pássaro aqui há uma semana, já. A cada dia que passa, fica mais difícil aceitar a ideia de que eu vou ter que soltar ele na natureza, mas ele é tão bonito que não foi feito para ficar preso em uma gaiola. Ele não canta muito, mas é o suficiente para me acordar todas as manhãs e é um canto bonito, gostoso de se ouvir. Hoje, porém, ele cantou bastante, esteve feliz o dia inteiro. Acho que sabia que era hora de ser livre.
Eu tenho as estrelas como testemunha, não só elas, mas o céu inteiro. Vou levar a gaiola comigo lá pra fora, além de soltar o pássaro, vou me livrar de alguns outros hábitos ruins. Vou acender um cigarro, o último em sua presença. Não vou fazer promessas, não vou dizer que nunca mais irei fumar em seu nome. Mas a partir de hoje, você está livre desse peso, da culpa, de nós.
Eu soltei o pássaro e ele voou sem nem olhar pra trás. Apaguei o cigarro, olhei para o céu e as estrelas estavam lá, piscando para mim. Sorri, sem nem saber que ainda podia fazer isso sem notar.
Você está livre agora.

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