quinta-feira, 20 de junho de 2013

Pesadelos


Meus sonhos são repletos formas perturbadoras e simbolismos que não fazem sentido algum quando eu acordo. Eles me apavoram, me assustam constantemente e ultimamente, muito mais do que o normal. Em alguns deles, não posso correr, desde sempre, desde que me lembro de ter começado a sonhar, sonho com situações onde preciso correr e minhas pernas não me obedecem, eu corro, mas continuo no mesmo lugar e isso me desespera. Às vezes consigo fugir no último momento, mas na maioria das vezes, sei que estava prestes a morrer, pois acordo exatamente como se a vida tivesse sido estocada dentro de mim de uma só vez e eu tivesse sido golpeada com força, pois aí eu acordo suando, com medo de fechar os olhos novamente. Em outros momentos, é como se não possuísse cordas vocais para gritar. Me sinto sempre impotente, indefesa e aterrorizada e grito, mas ninguém me ouve. Quando tento exteriorizar o meu pavor, não sou capaz de mover sequer um dedo, estou paralisada, vendo tudo acontecer ao meu redor e sem poder distinguir o que é real e o que não é. A boca parece ter sido lacrada ou se abre de forma medonha e emite um som bizarro, não chega a ser um grito, pois não tenho voz. Depois de todo o pânico, a vida retorna com um suspiro agoniado, os olhos se abrem de uma só vez e eu sinto o mais puro medo de fechá-los outra vez e novamente me sentir presa dentro de mim mesma. Talvez esteja apenas gritando por socorro sem som algum porque é isso que venho fazendo a minha vida inteira. Preciso de ajuda e não peço, não consigo correr, mas não digo. Ainda subo as escadas rastejando com a ajuda das próprias mãos como se eu fosse um animal, pois quase não tenho mais forças para subir ereta e me sentir grande. Sou na verdade pequena, miúda. Miúda e sem voz. Meus sonhos me assustam, são como contos eróticos e grotescos, o sexo lá é vulgar e nojento, fazem eu me sentir suja e sem pudor quando acordo. Sinto medo da frieza com a qual sou capaz de decepar a cabeça de um pobre coitado que me tenta possuir à força e sinto medo da segurança e prática com a qual seguro um revólver entre os dedos e miro na minha própria cabeça, dando risada. Sinto medo quando não consigo fugir, mas sinto ainda mais medo quando me defendo. Meus sonhos são repletos de escuridão, de sangue e de falta de nexo. Eles são perturbadores. E eu não me sinto forte nem mesmo quando sou capaz de matar, não me sinto forte quando não posso gritar ou correr e também não me sinto forte quando sou capaz de gritar, de bater e de brigar. Eu não me sinto forte. 

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