terça-feira, 25 de junho de 2013

Tenho inveja dos poetas...


A gente passa a vida toda lendo histórias de amor das mais bonitas. E poemas! Os poemas de amor transmitem aquele sentimento de eternidade, eles nos fazem acreditar que existe mesmo o amor. Queria ter alma de poeta ou de uma dessas pessoas boas e puras ou que apenas uma entre as várias personalidades que assumo de quando em quando fosse a alma de um poeta. Não esses poetas melancólicos e depressivos, mas esses poetas esperançosos, sonhadores, que restauram sua própria fé no amor e que fazem com que os outros acreditem que existe mesmo essa luz no fim do túnel da qual tanto se ouve falar ou que algumas estrelas brilham só para nós no céu. Os romancistas românticos também tem culpa nesse crime. Mas eu não acredito em nenhum deles. Eu só queria ter um pouco da essência dos que ainda creem em algo, queria sentir essa coisa que eles sentem, não sei descrever o que é, pois não a possuo. Não acho que essa essência seja conquistável, que a fé possa ser restaurada em pessoas como eu. Não acho que ela possa ser plantada dentro de pessoas que não a possuem desde o momento em que nascem, como uma sementinha que com o tempo vai crescendo. Algumas pessoas simplesmente nascem sem essa semente, logo, ela não cresce e não existem outros meios de conquistá-la. Não se pode fazer sentir o que não existe e fé é algo que não existe dentro de mim. A frustração que me faz todos os dias amaldiçoar todos os românticos e poetas do mundo é apenas inveja. Os invejo absolutamente por terem nascido com a capacidade genuína de regenerar-se através da esperança que possuem e da fé. Eles praticamente renascem, remontam-se quando quebram e quase nem conseguimos ver as rachaduras. E eu os invejo miseravelmente por ter nascido apenas com as sementes do drama e da tragédia em mim. E mais ainda, porque possuo a semente do amor e este se torna miserável e confuso sem a semente cheia de esperança que cresce ao lado dele. Eu posso criar as histórias mais pavorosas, posso penetrar no cenário do medo e do pânico e conheço a dor como ninguém mais, até mesmo as dores que não vivi, eu falo delas como se as tivesse sentido na pele. Posso falar das surras da vida tendo vivido apenas duas décadas, mas me sinto incapaz de dizer - e crer - que os poetas não mentem. Que se danem os poetas! É tudo o que eu digo, pois eu tenho a mais pura inveja de não poder compreender o mundo da forma como eles o compreendem. Que eu talvez veja o mundo com os pés no chão e a realidade esmagada bem na ponta do meu nariz, é verdade. Mas queria vez ou outra conseguir sonhar e acreditar nos meus sonhos, queria ver o que é belo e saber apreciar as cores. Queria saber como é o amor visto pelos olhos de alguém que acredita que ele não tenha sido plantado em nós apenas para machucar e torturar. Mas alguns, tais como eu, não nascem com essa capacidade. Eles não possuem essa semente.

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