quinta-feira, 20 de junho de 2013

Causa Mortis: amor


A gente morre tantas vezes nessa vida, que talvez em uma das regenerações da nossa alma, seja finalmente o momento em que somos finalmente livres. A gente espera tanto por uma coisa ou espera tanto que uma coisa que perdemos encontre o caminho de volta por si só, que esquecemos que é necessário procurar aquilo que foi perdido. A gente se perde em egoísmo, orgulho e falta de amor. Se fecha em uma redoma de vidro pra se proteger, mas o que a gente mais espera é que alguém quebre o vidro e invada a nossa segurança. Alguém pra nos manter acordados de madrugada. No final das contas, é engraçado, você faz amizade com o vândalo que quebrou o seu vidro, a amizade vira amor e depois ele rouba o seu coração. Ele te machuca, você morre mais umas cem vezes, mas continua vivo. A nossa alma tem esse poder incrível de se recuperar, porém é um fardo tão pesado ser eterno e é por isso que a gente esquece. A gente vive em carne e ossos até os 90 anos, mas em alma a gente vive milhões e milhões de anos. A mesma alma, vivendo, vivendo e vivendo. Ela se suicida, morre de doença, morre de tristeza, morre de velha e simplesmente retorna, com todas as cicatrizes de batalha que depois de um tempo simplesmente não se lembra mais. Esquece-se porque é preciso. E se você não é capaz de esquecer algo, por melhores que sejam os motivos, talvez seja porque um motivo muito maior mantém aquela memória viva. Se depois de vários suicídios e regenerações e memórias perdidas, cicatrizes que não fazem sentido e pensamentos aleatórios e longínquos que remetem a tempos definidos como “tempos não vividos”… Se depois de tudo isso, há ali uma memória recorrente, talvez signifique que foi encontrada uma conexão, algo maior, algo que desde a criação do universo, seja lá qual tenha sido a forma que se tenha sucedido jamais poderá ser explicado. Foi encontrado amor. E não é bonito, nem feio. É um estado permanente de dúvida, uma interrogação gigantesca. É tudo o que se pode sentir ao mesmo tempo sem causar um ataque cardíaco. A gente morre tantas vezes nessa vida, pra descobrir as respostas da humanidade e todas elas se remetem em apenas uma. Simples e complexa. Amor. Perigoso e protegedor. Suave e duro. Difícil e ridículo. A gente morre tantas vezes nessa vida pra finalmente conseguir entender que nem sempre o amor faz a gente sorrir. É por amor que nós morremos e é também por amor que voltamos à vida.
E por menos de um minuto, posso dizer que voltei à vida. Se eu vou morrer de novo logo, pouco importa. Ninguém pode me julgar por querer viver só mais um segundo de amor. O amor é a pior é a melhor coisa do mundo. E a gente tem que morrer tantas e tantas vezes só pra descobrir o óbvio.

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