"Quod me nutrit, me destruit."Há esse lugar onde ninguém tem nome ou sobrenome. Endereço então, nem pensar. Falsas identidades, falsas histórias, falsos diplomas. Falsos discursos. Falsos interesses. O que as pessoas têm ali é orgulho em demasia, um potente desejo de autodestruição e mentes depravadas. Uma fome que parece nunca saciar. Porém aquilo que alimenta, é exatamente aquilo que destrói. Fartam-se estes pobres diabos de beijos sem paixão, bebidas doces para equilibrar, cigarros que apodrecem os pulmões. Mas se apodrecerem ou não, tanto faz. Se a bebida no final fizer mal ou não, tanto faz. Se o beijo apaixonar então, que se foda. ‘Que me foda’, é o que pensam. É o que gritam ao explodirem vulneráveis em seu ápice vulgar. Vomitam em banheiros fétidos em busca de um ideal obsceno. Os saltos se quebram, as maquiagens borram e o rosto se desfigura. Quanto mais degradante for a imagem refletida no espelho, melhor se vê o retrato escarrado daquelas almas vistas de dentro. Tudo que a carne reproduz é apenas um reflexo grotesco do que acontece lá dentro. É exatamente desse modo que se apresentam. Podres, sem perspectiva, sem glamour. Eis uma geração que não se importa. A geração que não ama, a geração que não come, não sente, não faz. Eis a geração mais faminta e a geração que menos se alimenta. Eis a primeira geração a desenvolver uma bulimia sentimental. Vomitam os seus sentimentos antes mesmo de digeri-los. Sentem repulsa pelo que lhes mata a fome. ‘Matar a fome’ pois, em termo, significa suicidar-se. E suicidam mesmo suas almas, diversas vezes. Aproveitam-se da imortalidade do espírito e o maltratam. Depois descontam a raiva na carne, que é fraca, que perece. E sentem o prazer obsceno de vomitar os seus sentimentos ao invés de engoli-los. Não querem um coração gordo.
Há esse lugar. Esse lugar chamado: todo lugar.
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