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sábado, 27 de julho de 2013

Mês de julho - Filmes

Recebi recentemente uma pergunta no Ask.fm da Carla Stech perguntando sobre os filmes que eu assisti esse mês. Como nós já estamos no dia 27, resolvi fazer então uma super postagem falando um pouquinho sobre cada um dos filmes que eu ainda não falei. Fiz postagens individuais para o filme Neco z Alenky - Alice (inclusive atualmente estou lendo o livro, aliás), um sobre toda a franquia de Psicose, incluindo a série Bates Motel, um sobre o filme Valerie and Her Week of Wonders (que eu não vi esse mês, mas como fiz a postagem esse mês, então tá valendo) e também uma postagem coletiva sobre os filmes Vanilla Sky, Estômago e Spring Breakers que assisti no mesmo final de semana.

Lembrando que esse mês eu não vi muitos filmes, porque estava bem preocupada com o lance de achar emprego e também estava com algumas leituras pendentes que eu precisava terminar, coisa que também andei muito relaxada, li praticamente apenas uns dois livros e meio nesse mês e isso me deixa extremamente frustrada. E também assisti algumas séries junto com os filmes, das quais também pretendo falar sobre, mas não nessa postagem, pois pretendo terminar de assistir uma delas antes de falar sobre e quero fazer uma postagem à parte para falar sobre Hannibal que foi uma das séries que vi esse mês e sobre os episódios Fire e Pure de Skins. Agora que tudo já está quase certo na minha vida, eu já baixei alguns filmes que ando querendo ver e já estou planejando falar sobre alguns outros filmes que vi há um tempo atrás e gostaria de falar sobre aqui. Mas uma coisa de cada vez, né? Por hora, vamos aos filmes de julho!

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1. Pitch Perfect

Um dos grandes dilemas que eu tenho quando a minha melhor amiga vem dormir aqui em casa é entrar em acordo sobre qual filme assistir, visto que ela e eu temos um gosto ao mesmo tempo absolutamente parecido para filmes, mas também absolutamente controverso, então desperdiçamos pelo menos uma meia hora da provável uma hora que ela vai ficar acordada tentando decidir. Eu devo ter mais ou menos uns trinta filmes baixados no meu computador, mas nunca, obviamente, existe algum que ela queira ver e que se encaixe no meu humor do momento.
Aí aconteceu que eu disse pra ela ver o trailer desse filme e assistir na zoeira comigo, já que esses filmes no estilo bobo de comédia americana situados em colégios costumam ser agradáveis (ou idiotas engraçados) pra qualquer tipo de pessoa. Eu não costumo ver comédias, eu até evito todas elas, torço o nariz e admito que tenho preconceito, mas uma das boas coisas de se usar o Tumblr com frequência, é que sempre sabemos quais os filmes são realmente engraçados e não chegam a ser um American Pie da vida, no estilo onde só tem putaria, sexo e chatice.
Pitch Perfect é meio que... um High School Musical zoado, talvez. Eu teria dito Glee, mas como eu nunca assisti a um único episódio de Glee, eu não tenho parâmetro algum para comparar, então vou numa comparação a algo que eu já cheguei a ver alguma vez na minha vida. E o que surpreende mais? Esse filme é bom. E digo ainda mais: esse filme é muito, muito bom! A trilha sonora dele é recheada de músicas atuais como Rihanna, Britney Spears, Lady Gaga e todas essas rainhas e princesas e whatever the fucks do pop espalhadas por aí, mas é um filme muito divertido e bem bonito. Claro que esse tipo de filme sempre tem um propósito, nem que o propósito seja puxar uma lição de moral forte no final e esse também tem, só que essa mensagem e muito bonita: é sobre aceitar as diferenças e mostrar que as pessoas podem conviver umas com as outras e até mesmo serem amigas, independente das suas diferenças mais acentuadas. E não é pra menos: é uma menina mais esquisita que a outra e no final das contas elas fazem um grupo maravilhoso, com seus talentos individuais e aprendem umas com as outras. E ah, como me apaixonei pela personalidade da Amy. A querida Fat Amy - para que garotas magras e idiotas não a chamem pelas costas de gorda, ela mesma prefere se auto denominar simplesmente a Fat Amy. E ela é incrível, uma das minhas personagens favoritas do filme. Eu não digo nem de longe que perdi meu tempo vendo essa película, porque foi uma das melhores surpresas que eu tive entre os filmes aleatórios que eu costumo baixar pra assistir.

A minha nota: ★★★★★






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2. Ruby Sparks

Quando encontrei esse filme ao acaso, ao ver as promos pelo próprio Tumblr sobre ele, fiquei imaginando se esse seria um tipo de Mulher Invisível gringo e que estava levando o maior crédito de criatividade, sendo que o filme nacional que acabei de citar também é ótimo e ninguém nem conhece lá fora. Aí eu criei uma certa resistência a respeito de Ruby Sparks, mas ao mesmo tempo também, eu queria muito ver, porque parecia muito a minha cara.
A história do filme segue quase no mesmo embalo de Mulher Invisível mesmo, porém é um pouco mais romântico e um pouquinho mais bem trabalhado, em questão de roteiro. Calvin, o personagem principal, é um escritor que está passando por uma fase de bloqueio e é aí onde eu começo a me identificar. E o Calvin é um cara meio fechado, antissocial, sendo assim um pouco mais difícil conseguir criatividade sobre o que escrever, considerando que ele quase não sai de casa. Outra vez eu me identifico. Então ele acaba tendo um sonho sobre uma menina e assim que acorda, resolve escrever sobre ela. E aí ela acaba se tornando real. A garota dos sonhos e da ficção dele acabam aparecendo na sua casa e ela é ainda melhor do que ele imaginava que ela poderia ser. E pronto, o filme me ganhou, apesar de não ser aquela maravilha toda, mas é legal, é relacionável e isso é o que mais importa para mim, às vezes.
Só que as coisas fogem do controle, como era previsível, pois se você tem o controle absoluto sobre uma pessoa, é certo que você vai começar a pensar em formas de deixá-la perfeita, mesmo sabendo que a perfeição real está também em cada defeito que a pessoa possa vir a ter. A Ruby originalmente criada, já era perfeita, porque ela era uma pessoa de verdade, mas aí o Calvin acaba sendo influenciado pelo seu próprio poder e acaba estragando a sua própria criação. Uma hora ele deixa ela absolutamente relapsa e estúpida, depois disso ele acaba deixando ela dependente demais e por fim, ele acaba perdendo ela. Tem essa cena, quase lá pro final do filme em que o Calvin começa a torturar a Ruby, digitando sobre ela na frente dela, pra tentar provar pra nada daqui é real, que é de cortar o coração, quando ele percebe que naquele exato momento ele a perdeu. Ele teve a menina dos sonhos dele nas mãos e a perdeu por desejar que ela fosse perfeita. Como eu disse, posso me relacionar muito com esse filme e por isso gostei tanto dele, apesar dele ser meio monótono.
Calvin no final do filme, ao que se dá a entender, recebe uma segunda chance para começar de novo com a Ruby, sem que ela saiba ou talvez tenha sido uma coincidência apenas, eu não sei, talvez fosse pra soar ambíguo. É aquele tipo de filme bonitinho que a gente quer assistir quando tá na bad pra ficar feliz, ou quando a gente tá num humor leve, pra permanecer leve.

A minha nota: ★★★★☆







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3. Elena Undone

Esse filme é maravilhosamente lindo e eu vou dizer pra vocês o porquê. Eu sou apaixonada por esses filmes trash de temática lésbica, não é de hoje (entre os meus favoritos, possuo Show Me Love e Lírios D´Água, só pra vocês refletirem um pouco) e esse foi um desses filmes que conquistam o meu coração simplesmente porque são vistos exatamente no momento em que eu precisava vê-los. Ou num momento em que eu queria ouvir alguma coisa dita no filme pra conseguir recuperar a minha fé em algo, então esse filme foi perfeito no momento em que eu vi.
Confesso que a produção dele é péssima, assim como a trilha sonora que é horrorosa, quase parece aqueles hits pop de novela da Globo de 2002 pra menos ainda, mas devo dizer que as atuações e a química entre as duas atrizes - Traci Dinwiddie e Necar Zadegan - foi belíssima, deu muito certo. Não foi forçado como eu vejo em alguns filmes, foi tudo muito natural, acho que justamente pelo fato de que o filme foi um tanto trash.
A história do filme é mais ou menos um documentário sobre almas gêmeas e que não existe momento certo na vida pra que você encontre a sua e muito menos pessoa certa, você pode até mesmo se casar com uma pessoa e formar uma família, mas se algum dia desses tu esbarrar com a sua alma gêmea por aí, vai existir aquele famoso choque, você vai sentir as tais borboletas e vai conhecer o amor. E essa pessoa dificilmente vai ser aquela pessoa que te trata bem, ou aquela pessoa super atenciosa e amorosa, provavelmente ela vai ser uma pessoa com quem você não veja nada em comum entre vocês duas, mas no fundo, é a sua pessoa, é a outra metade da sua alma.
Esse filme me deu esperanças sobre a vida, pelo fato de que, além dele ser baseado totalmente em acontecimentos verdadeiros, mostra um lado bonito do amor, o lado de quando ele dá certo. Eu sempre tive essa inclinação fatalista a respeito de histórias de amor que dão certo, dizendo que o filme só acabou bem justamente porque acabou, mas às vezes eu também me inclino para esse lado de que sim, o amor pode terminar bem ou mesmo nunca terminar, apenas continuar acontecendo.
A história central, é a história de Elena, já casada e com um filho e que, depois de ter formado a sua vida, acaba encontrando em Peyton a sua alma gêmea, acaba se apaixonando total e infinitamente pela primeira vez. E é claro que é difícil para uma mulher que sempre imaginou que era hétero se apaixonar por outra mulher. Esse é outro filme com o qual eu me relacionei e muito, mas me vejo muito na Peyton, tendo que lidar com a Elena e com as vontades dela, com o que ela causou na sua vida. A vontade de ir embora, a certeza de que ela não conseguiria. Foi um filme que mexeu tanto comigo que eu fico extremamente grata em tê-lo baixado sem querer e mais grata ainda por ter resolvido assisti-lo em um dia de chuva onde tudo parecia errado. Foi um filme que deixou minha alma leve por pelo menos alguns dias depois de tê-lo visto.

A minha nota: ★★★★★








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4. Cashback

Esse foi outro filme que eu achei ao acaso, quando fui buscar no Youtube uma música que gosto da banda Broken Family Band chamada It's All Over, esperava achar apenas aqueles vídeos com montagens de Skins, já que a música pertence à trilha sonora da primeira temporada, mas acabei achando um video com a música e cenas do filme com a atriz Michelle Ryan, aí eu resolvi baixar pra assistir e acabei me surpreendendo bastante.
Eu assumo que o andamento do filme é meio enfadonho, o roteiro dele é meio vazio, mas também é absolutamente poético, quando pegamos a parte artística dele. Não sei se vou saber explicar bem, porque o filme à mim não pareceu como uma espécie de ficção científica, mas tem esse rapaz, Ben, termina com a namorada Suzy, por um motivo que eu foi o que me fisgou a atenção ao filme, ele não conseguia sentir que estava fazendo ela feliz, então ele a deixou, mas depois ele a queria de volta e ela não queria mais, bem típico. Mas a parte bem fictícia é essa habilidade que o Ben tinha de congelar o tempo quando ele queria. Esqueci de mencionar no começo do texto, mas ele estuda numa escola de artes e depois passa a trabalhar em um mercado pra ocupar o seu tempo e não ficar pensando em Suzy, sua ex. O filme é um pouco arrastado, mas acho que a intenção era essa, porque tem um momento que ele diz que faz uma semana e parece que já passou um mês no filme. O que eu achei um pouco relacionável com a própria forma que às vezes o tempo parece correr para mim, quando assumo rotinas em três dias ou em uma semana e parece que estou fazendo aquilo há séculos ou coisas desse tipo.
Aos poucos, Ben consegue esquecer a Suzy e passa a se envolver com uma menina do seu trabalho, a Sharon e seguir com a sua vida. Até que, quando está tudo bem, a Suzy acaba aparecendo de novo apenas pra estragar tudo. O que me prende nesse filme, é exatamente essa forma com que ele parece se arrastar e ao mesmo tempo não ter passado tempo algum, exatamente como o próprio tempo que se arrasta ou corre quando bem entende. E uma passagem do filme que para mim foi a que vai ficar marcada sobre ele, que é quando ele fala pra Sharon algo como "você viu um segundo de uma história que durou apenas dois, mas isso já não importa mais, porque de qualquer forma eu não tenho o poder de voltar no tempo e mudar o que já foi feito".
Cashback é um desses filmes confusos, que quando mais a gente fala sobre ele, pior parece e menos vontade dá de assistir e só quem o assiste pode dizer que ele é bom, mas contando, parece péssimo. Então a única coisa que eu posso dizer é que se tiverem interesse, assistam ao filme, deem uma olhada no trailer e o vejam pela forma mais poética dele.

A minha nota: ★★★☆☆





segunda-feira, 22 de julho de 2013

Devaneios de Alice

O filme da vez é checo Neco z Alenky de Jan Svankmajer. Não importa qual seja a sua idade ou o gosto cinematográfico, sempre existir ao menos uma versão da Alice No País das Maravilhas de Lewis Carrol que será capaz de encantar aos olhos de qualquer um.


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Alice (Kristýna Kohoutová)
Eu, particularmente, me sinto fortemente inclinada à versões que mostrem o lado mais doentio ou macabro dos contos de fadas e fantasias, desses contos que tomaram uma atmosfera inocente e infantil, mas que, como todos sabemos não eram dessa forma originalmente. Os originais dificilmente poderiam ser lidos para uma criança antes de dormir, pois eram histórias repletas de carnificina, perturbações e todo o tipo de horrores que se possa imaginar, como o folclore. 
E é isso que essa versão de Alice mostra, é dessa forma que as aventuras da menina como transcorrem, como um sonho ou um devaneio excêntrico. Não chega a ser assustador, mas certamente é bem perturbador. Alice para mim sempre será uma das histórias mais cheias de simbolismos, então nada realmente é o que é ou é, há muito contexto e muita interpretação por trás desses deslumbramentos. 
Não conheço nada do trabalho do Svankmajer, mas certamente depois desse filme, quero com toda certeza assistir a outros filmes dele. O estilo dele é bem peculiar (e bem macabro) utilizando formas simples e muito trabalho com stop motion, que contribui ainda mais para a atmosfera surreal da película.
O filme todo é uma viagem, onde mergulhamos junto com Alice em suas aventuras. Quem nunca quis se perder no país das maravilhas um dia, não é mesmo?

A minha nota: ★★★★★

TRAILER


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domingo, 14 de julho de 2013

Estômago • Vanilla Sky • Spring Breakers

Como faz um bom tempo já que eu não faço uma postagem sobre algum filme, decidi que comentarei sobre os três últimos filmes que vi nessa mesma postagem. Fazia um tempo que eu não assistia um bom filme, pois andei bastante focadas nos meus livros e séries, mas entre ontem e hoje assisti alguns filmes e gostaria de compartilhar a minha opinião sobre eles.

Os filmes sobre os quais que falarei aqui agora são: Estômago, Vanilla Sky e Spring Breakers. A possibilidade de spoilers sobre todos os três existe, principalmente sobre o final deles. Embora eu tente polir a minha opinião e manter o suspense ou tente não revelar o que é principal no filme, alguns comentários, dependendo da pessoa, podem estragar o filme todo. Aviso logo, para não estragar o filme de ninguém.

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1. Estômago

Clique para ver a sinopse no Filmow.

O filme é nacional e eu devo dizer desde já que eu sou uma grande apreciadora de filmes nacionais que escorrem pro lado independente e "cult" e de baixo orçamento. Essa é provavelmente uma das poucas coisas que eu aprecio de verdade no país.
Estômago é tudo isso e um pouco mais, é um filme de extrema qualidade. O filme é ambientado grande parte pela cidade de Curitiba - e é impossível não apreciar pelo menos um pouco esse fato, sendo eu moradora da região metropolitana de tal cidade e sempre estando a passear por lá. E não é um filme bobo ou fácil de entender e tampouco é uma comédia sem sentido. Toda a trama parece se desenrolar naturalmente, os atores não forçam muito, isso também me encantou bastante, pois em alguns filmes o que percebo é sempre a forma forçada como eles se desenrolam. Também gostei muito da ousadia da película, abusando do grotesco e nojento e fazendo apenas com que esse seja o diferencial e atrativo da obra. Pois sim, considero este filme uma grande obra. E o final à la Hannibal também é surpreendente.

Recomendadíssimo!

A minha nota: ★★★★☆





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2. Vanilla Sky

Clique para ver a sinopse no Filmow.

Como a grande admiradora de ficção científica que eu sou, filmes em que a cronologia não segue a ordem natural sempre me encantam. Já antes de ver esse filme, ouvi falar bem sobre, mas por alguma razão sempre tive um pouco de preguiça dele, mas com alguns amigos ontem, escolheram esse filme e fiquei grata. Queria falar sobre ele, mas deixo claro de que eu pretendo assisti-lo novamente sozinha, para poder sentir a essência do filme por mim mesma, porque confesso que não pude absorver tudo o que o filme transmite e sei disso, porque é sempre assim quando nos reunimos com amigos para ver filmes, rolam as piadinhas (e as piadas sobre a cara de besta do Tom Cruise durante esse foram intermináveis) e geralmente até o filme mais dramático acaba se tornando comédia. Mas uma coisa é fato, todo mundo ficou pensativo quando o filme acabou, como se fosse necessário refletir sobre aquilo. É meu estilo favorito de filme, isso não há o que contestar. E eu sou uma eterna apaixonada por filmes que contam a história do ponto de vista das possibilidades ou dos desejos. 
O enredo de Vanilla Sky me remete um pouco uma mistura de Mr. Nobody e Inception.
A sequência do filme é exatamente como gosto, primeiro demoramos a perceber o que faz parte da realidade e o que faz parte da ilusão, pois no primeiro momento não há como diferenciar ou compreender o que é o que. O filme também brinca com a nossa mente, colocando respostas para perguntas que fazemos ao assistir e depois retirá-las e substituí-las por outras. Acreditamos em algo e logo mais já estamos acreditando em outra coisa. E, claro, o contexto metafórico e reflexivo que não falta em filmes como este, foi o que com certeza me encantou e me fisgou de vez, me fazendo ter certeza de que as recomendações sobre esse filme estavam corretas. Todo esse contexto sobre a ligação que nós criamos com as coisas que vemos, as coisas às quais nos apegamos, os nossos desejos mais profundos e mesmo os nossos sonhos, essa essência do filme faz com que a gente passe o resto da noite pensando sobre, depois de assisti-lo. Já havia me deparado com esse tipo de ordem cronológica em alguns episódios de Doctor Who e de algumas outras séries que vejo ou pelo menos com coisas parecidas, então por isso já me sinto bem localizada com filmes nesse estilo. E não posso deixar de falar sobre detalhes mais fúteis, porém impossíveis de ignorar, como a trilha sonora incluindo Radiohead e outras músicas gostosas, no quanto a Penélope Cruz estava linda e no quanto eu fiquei feliz em ver pelo menos um pouquinho a Tilda Swinton na tela (e ruiva!). E claro, o Tom Cruise também estava muito bom no personagem, apesar das piadas dos amigos pra descontrair.
É um filme e tanto e vale à pena em qualquer momento. 

A minha nota: ★★★★





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3. Spring Breakers


Eu não vou dizer que o filme é bom e enganar todo mundo, porque não é, eu assumo que o filme tem um roteiro absurdamente pobre e sem propósito. Mas também não posso dizer que perdi tempo assistindo. Acho que, do meu ponto de vista, eu consideraria Spring Breakers como o tipo de filme ruim que de vez em quando eu gosto de assistir pra relaxar, pois não é um filme que eu vá querer refletir sobre o tema ou sobre os motivos depois que acaba, não tem uma mensagem boa e nem quotes inteligentes. O filme não tem nada além de imagens bonitas, mocinhas da Disney atirando a imagem de santas pela janela (exceto pela Selena, como já era de se esperar) e nudez, muita nudez. Nudez o tempo todo! Peitos, bundas e barrigas nuas pra todo o lado. Câmeras diferentes, jogos de cores, trilha sonora razoavelmente boa,  tudo pra parecer um bom filme, mas apenas parece. Não sei qual era o real propósito de Spring Breakers, talvez não tivesse, de fato, um propósito mesmo. Não julgo atuações, não mesmo. Depois de sair da Disney em alguns casos e abandonar personagens mais simples e em tudo que que diz respeito às cenas explícitas de sexo, abuso de drogas, entre muitas outras coisas, elas na realidade foram muito bem, foram corajosas em se jogar de cabeça num filme como esse e isso me faz admirá-las um pouco. Também fiquei admirada com o James Franco no filme, que não parecia ele. Spring Breakers é, para mim, um filme cinematograficamente bonito e nada complexo, exatamente para quando se quer relaxar ou talvez colocar pra dormir. 
Não é, com certeza, um filme que eu recomendaria pras pessoas, mas também não é um filme que eu falaria mal se ele surgisse em uma conversa. Talvez o que se esperava, a expectativa sobre ele fosse bem maior e por isso se tornou decepcionante, mas eu não achei de todo o mal, também. Foi razoável.

A minha nota: ★★



terça-feira, 2 de julho de 2013

Deslumbramentos de Valerie

Um filme cheio de fantasia e sonhos, numa viagem surreal dentro da cabeça de uma menina que está aos poucos descobrindo sobre o mundo e sobre a tênue linha entre a realidade e seus sonhos e pesadelos. Poderíamos estar falando de Alice, mas não. É de Valerie que estamos falando. E de suas experiências e dúvidas acerca do amor, de seus medos, os primeiros contatos com sua consciência sexual e até mesmo suas dúvidas sobre religião. Estes são os temas abordados pelo filme tcheco "Valerie e Sua Semana de Deslumbramentos" (Valerie a týden divů) dirigido por Jaromil Jireš em 1970. 


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Valerie (Jaroslava Schallerová)
Não é uma tarefa fácil tentar transcrever em palavras um filme tão complexo e repleto de metáforas como este. Eu, como a boa amante de metáforas que sou, não poderia deixar de falar sobre ele. Toda a semana de deslumbramentos de Valerie é contida em inúmeras metáforas valiosas. Não é, porém, um filme capaz de agradar facilmente qualquer pessoa. Eu, sinceramente, acredito que é necessário ter uma grande paciência e um pouco de paixão por cinema para realmente poder aproveitar o filme em seu todo. O que me fascina mais sobre ele, é que eu ainda hoje me surpreendo como um filme feito em 1970 possa trazer assuntos tão polêmicos à debate, como religião e sexualidade, quando ainda hoje esses assuntos são cercados de tabus.
Valerie é uma menina doce, pura e inocente, mas ao mesmo tempo possui em si uma aura sensual, um charme natural que exala de sua feminilidade. O filme todo brinca com a nossa mente, desde os cenários até a cronologia que às vezes parece confusa. 
Vemos um pingo de sangue que cai em uma margarida e Valerie não é mais apenas uma menina. O desejo que sente perto de um rapaz e então vemos os seus devaneios quanto ao fato de ela e ele serem irmãos. Os vampiros e monstros que a cercam, representando o comportamento humano. Os padres que pregam as morais impostas pela igreja e que são os mesmos vampiros inescrupulosos e os monstros assustadores que rondam a cidade. Valerie observa meninas em vestidos brancos trocando toques e carícias e depois se vê presa a uma estaca com pessoas segurando tochas, prontas para queimá-la viva como uma bruxa. E estes são apenas exemplos de todo o simbolismo minucioso que o filme carrega.
Todo o seu contexto é puramente metafórico e exige um longo exercício de reflexão e paciência para realmente entender o que está acontecendo e não se deixar levar apenas pela fantasia que ultrapassa e desafia todas as leis da realidade. É como um sonho distópico e infinitamente surreal. Uma viagem direta dentro da mente de Valerie e de todas as suas dúvidas, medos e desejos acerca do ponto crucial que desencadeia essas dúvidas todas: tornar-se mulher, crescer e encarar o mundo afora e todas os seus horrores e suas maravilhas. São os sonhos e deslumbramentos de uma menina que está a conhecer o mundo. Sonhos estes que chegam a ser perturbadores e horríveis. Ou talvez perturbadora e horrível seja a realidade e os sonhos belos são a forma de escapar desse mundo cruel, de fugir de seus medos. 
Valerie está presa neste universo distópico que é a sua própria mente e somos permitidos a espiar lá dentro, lá no que há de mais íntimo nela. O filme nos deixa com uma sensação de que estamos correndo ao lado de Valerie e que somos cúmplices de todos os seus devaneios.

Eu não seria capaz de descrever a experiência toda que eu tive ao ver esse filme e nem acho que seria justo, pois acredito que, para quem gosta de cinema, o prazer em assistir à esta obra deve ser aproveitado durante cada segundo em que estamos na companhia de Valerie. Tudo o que posso dizer é que recomendo essa experiência singular. 

A minha nota: ★★★★★

TRAILER


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quarta-feira, 26 de junho de 2013

O Poder da Arte

A arte no filme Le fabuleux destin d'Amélie Poulain

Não é lá uma novidade muito grande o fato de que eu sou extremamente controversa diante de uma infinidade de coisas. Por exemplo, eu tenho muito medo de filmes de terror e não os assisto nem sob tortura, protesto, se for preciso, mas não os vejo sob circunstância alguma. Porém a maioria das minhas séries favoritas possuem contextos perturbadores e estão classificadas no gênero terror/horror/suspense. E parece que sempre sou atraída por esse tipo de assunto, tenho curiosidades e adoro falar sobre assuntos como espiritismo em conversas, gosto de contar e ouvir casos e essas tais lendas urbanas. Mas ao mesmo tempo eu odeio tudo isso, tenho pavor e não gosto de pensar nas hipóteses dessas coisas todas se provarem reais.

E outro dia eu acabei encontrando ao acaso uma artista ilustradora que possui esse estilo perturbador em todas suas obras e eu fiquei absolutamente fascinada. Fiquei fascinada pelo puro simbolismo de suas obras, fiquei fascinada pela forma simples e ao mesmo tempo complexa do seu trabalho. Não me aprofundei em pesquisas sobre ela, não até esse momento em que resolvi fazer essa postagem. Mas a coisa toda agrava a minha personalidade contraditória, pois os temas das obras dessa artista são realmente fortes, alguns até um pouco repulsivos, daqueles que nos causam as mais variadas sensações, as mais desconhecidas, as que dão medo, mas ao mesmo tempo fascinam. Eu sou apaixonada por qualquer coisa que brinque com o psicológico, então para mim, arte - nesse ponto, abstendo-se apenas na arte visual, tais como pinturas ou esculturas - é a forma mais metafórica de todas, é onde se pode examinar a maior parte de uma personalidade e todas as suas controvérsias, os seus medos, os seus desejos íntimos. Talvez seja por esse motivo, mais do que qualquer outro, que as mesmas coisas que me aterrorizam sejam, de certa forma, também as que mais chamam a minha atenção, pois gosto muito de desafiar a minha mente e seus limites.

Já não é de hoje que esse tipo de obra me atrai, porém até hoje nunca tinha visto nada que se comparasse ao trabalho dessa artista de que tanto falo. Meu pai há vários anos chegou em casa com um livro sobre o pintor Hieronymus Bosch e pra muita gente suas obras não são belas, mas eu tenho uma tendência a ver beleza no que chega a beirar o bizarro. Bosch é mais conhecido por destacar em suas obras atos de pecado e até mesmo representações do próprio inferno como pura carnificina, cenas tortuosas e muito sadismo. E essas imagens realmente chegam a perturbar a mente, utilizando o estilo fantástico e também o sombrio, ao mesmo tempo. Há abuso de cores concentrador apenas em certos pontos das obras, o que se torna deveras cansativo para os olhos e para o cérebro. Eu, particularmente, vejo estas obras com infinita admiração, por repassar um sentimento tão forte - ou vários deles. E arte para mim é isso, é repassar sentimentos. É bem mais fácil através da escrita, mas através da pintura, do desenho, das cores fortes e mesmo da ausência delas, isso não é nem perto do que é simples. Tocar a alma de uma pessoa no silêncio e brincar com seus sentidos, seus medos mais íntimos e causar esse desconforto prazeroso é muito mais difícil. Livros podem causar isso, mas o impacto é gradativo, como doses homeopáticas de uma tortura necessária, ao observar um desenho, uma pintura ou até mesmo uma escultura, o choque é quase fatal, a energia que é descarregada através do cérebro e que vai percorrendo todo o seu corpo é muito intensa, todos os níveis são elevados e não estão mais sob o seu controle, seus sentidos passam a pertencer ao autor da obra, estando ele morto ou vivo, pelo menos naquele um instante, e enquanto dura o efeito do choque é ele quem possui o controle total sobre a sua mente e sua alma. E é isso que me fascina sobre a arte, que me coloca em êxtase.

Detalhe central da tela O Jardim das Delícias de Bosch em 1504
 
Peço que reserve um pequeno tempo para clicar na imagem e apenas observar a obra detalhe por detalhe da obra. Tome isso como um desafio, permita-se entrar na obra e experienciar um pouco do sentimento de transe que tanto falo.
Bosch foi uma obsessão que eu criei quando mais nova, mas nunca tinha procurado nada semelhante. Devo confessar que nos meus anos de adolescência, a vontade era sempre maior do que o incentivo de fazer as coisas e a preguiça sempre me vencia, então eu acabava me acomodando à limitação de informações que recebia ao acaso, mas não procurava me aprofundar. Eu acho que não adianta mais lamentar sobre estes fatos, porque ninguém nunca quer saber sobre algo quando está fadado a estudar e ler sobre aquilo, mas de uma hora para outra o assunto se torna realmente interessante quando não é mais uma obrigação e sim por puro prazer de saber mais sobre determinada coisa. Eu costumava pensar que tinha perdido muito tempo, tempo esse que eu jamais iria conseguir recuperar, de fato, a gente não recupera o tempo, mas atualmente eu venho percebendo que mesmo com o tempo que perdemos, ainda assim sempre estamos em tempo de recuperar velhos hábitos que nos beneficiavam, de recuperar velhas dúvidas e ir atrás de suas respostas e sempre, sempre é o momento certo para adquirir mais conhecimento sobre o que for.

Aleksandra Waliszewska
E foi ao acaso mesmo que me deparei com essa artista que venho querendo falar sobre, que é a polonesa Aleksandra Waliszewska. Eu usei aqui algumas de suas obras para ilustrar alguns dos meus textos. O seu trabalho me remete à pesadelos e memórias ruins, mas também me remete à estados de espírito variados e nem sempre ruins, lugares imaginários e fora do alcance da realidade, lugares secretos da mente, esconderijos pessoais. É como se pudéssemos entrar em contato com nossos próprios medos, mas ao mesmo tempo enfrentá-los, como nos pesadelos, onde temos que lutar para viver. A minha contraditória pessoal faz com que eu me sinta hipnotizada por esse tipo de arte, é complexo, é pra ser visto com os olhos, porém sentido com a alma. É arte pra se perder dentro dela.

A artista em si, ao que me parece, não é uma pessoa muito pública, o que chega a ser irônico, pois ela revela a sua alma em seu íntimo mais obscuro, mas são pouquíssimas as informações encontradas sobre a moça, ela também não fala muito sobre suas obras, recusa-se a defini-las e esse é um dos pontos mais incríveis sobre ela, pois assim, ela nos permite expandir ainda mais a mente diante de suas criações. Eu quando observo uma obra, tenho lembranças de coisas que talvez não vivi, mas sei que são lembranças, tenho vários flashes, tenho também memórias que vivi e há muito já havia esquecido, sinto coisas que já senti antes e coisas que nem sabia que poderia sentir. Me sinto parte da obra, me coloco dentro dela. Quando você vê uma pintura e sabe o que ela significa, a sua viagem pela mesma se torna limitada, você sabe que aquilo que interpreta é pessoal, mas também sabe que não compartilha dos mesmos sentimentos que o autor da obra, você não se sente íntimo e a obra passa a ser apenas um agrado de leve aos olhos. Mas as obras cobertas de mistério agradam e também agridem, sentimos como se estivéssemos sendo despidos pelo artista e caminhamos nus dentro da sua criação, não temos certeza de que o que sentimentos talvez não tenha sua parcela de realidade. Nesse caso, tudo é possibilidade. Tudo é sim e não ao mesmo tempo.

Aleksandra Waliszewska é uma incógnita, mas ao mesmo tempo, é um livro aberto. Eu sempre pensei sobre artistas - nesse caso, agora, envolvendo a arte como um todo, pintores, escritores, escultores, atores, músicos - e por qual motivo eles são considerados ídolos. Quando eu era mais nova, via inspirações de vida em todos os meus artistas favoritos, porque gostava de suas músicas ou porque gostava de algum filme que faziam, mas essa é a parte superficial e sem valor, não é o que os define como pessoa, não é o individual de cada um deles. Não durou muito tempo para que eu começasse a me interessar pela história dos artistas e, logo, filtrar meus ídolos como indivíduos avulsos, pessoas como eu e não pessoas acima de mim. Um ídolo ou uma inspiração, da forma que eu vejo hoje, é aquela pessoa que você gostaria de passar um tempo conversando ou que gostaria de seguir os mesmos passos, são pessoas que conquistaram o seu lugar no mundo e oferecem algo que, ultimamente para mim, tem sido essencial buscar em qualquer fonte que me garanta isso: esperança de alcançar algo melhor. Ídolos são pessoas que você desejava ter o coração tão grande quanto, são pessoas que aprimoram a sua capacidade de sentir alguma coisa. Hoje tento focar as minhas frustrações no fato de que, com um pouco de esforço, posso sair de onde estou, posso mudar a minha história. E meus ídolos tem parte nisso, me mostrando que isso é possível. Mas mais do que isso, vejo eles pelo trabalho que fazem, o legado ao qual eles dedicam suas vidas, hoje prefiro dizer que sou muito mais inspirada pela arte produzida por alguém do que pela pessoa em si, salvas algumas exceções.

A arte tem um poder infinito sobre a minha persona. Quando estou a olhar para uma ilustração confusa, estou na verdade tentando me colocar ali dentro e fazer parte daquilo que vejo. Quando estou escrevendo, estou tentando me posicionar no mundo como alguém que compartilha algo que considera útil para si e que pode também ser útil para mais alguém. Hoje vejo que, se pelo menos uma pessoa apreciar o que eu faço e souber me reconhecer, eu já estou fazendo valer à pena os tapas que eu levo da vida. Se eu sou capaz de inspirar algo em alguém, é certo que vou tentar fazer isso. Quando escrevo minhas crônicas abstratas, estou deixando pra trás pedacinhos de mim mesma, derrubando-os pelo meu caminho. A arte está nos pequenos detalhes, é o impacto que ela causa tem proporções gigantes nas vidas de quem recebe a sua arte. É uma pena eu não saber pintar ou desenhar majestosamente, mas acredito que também estou deixando algo importante quando me expresso com as palavras. Toda arte é arte e merece ser apreciada.

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Sugiro que tire um tempo apenas para observar um pouco da obra da Aleksandra Waliszewska. Permita que sua imaginação tome lugar na obra, permita que seus sentimentos se misturem aos sentimentos contidos na imagem:

 
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THE CAPSULE 
 
Filme que, infelizmente, não tive a oportunidade de ver ainda, 
pois não o encontro em lugar algum.


TRAILER:


IMAGENS: