sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sufoco

 

Me sinto absolutamente relapsa quando me proponho a fazer uma coisa e acabo não cumprindo com as minhas próprias expectativas. Escrever no blog é uma dessas coisas, pois nem sempre eu tenho o que dizer ou estou inspirada o suficiente para falar sobre qualquer coisa, mesmo que sejam filmes e coisas que eu amo.
Mas, mais que isso, é como se eu estivesse faltando com um compromisso importante, o que é pura besteira, já que o blog em si é apenas mais uma forma de me entreter. E eu tenho achado tudo que eu faço inútil ultimamente. A minha existência em si é de uma inutilidade infinita. Sem emprego, sem inspiração pra criar nada, sem vontade ou possibilidade de sair de casa. A gente acaba se anulando no mundo e é desse jeito que eu estou me sentindo outra vez, nula, sem propósito.
Nessas últimas semanas recuperei um contato antigo com uma pessoa e isso até me faz bem, por certo tempo. Talvez seja esse também um motivo importante de eu não conseguir escrever bem, pois só escrevo bem quando estou triste ou incomodada com algo. Mas essa é uma daquelas sensações que não duram, essa pessoa vem quando bem entende, também vai embora quando bem entende. Hoje eu já sei como as coisas funcionam com ela, quando ela vem, fico apenas esperando a hora em que ela vai embora novamente. Não é porto-seguro, uma vez que não é de forma alguma seguro. É apenas um lapso de felicidade momentânea, uma estação que não dura muito tempo.
E provavelmente seja nessa semana que está quase chegando ao fim que a sensação esteja acabando. Também pode ser como uma droga de efeito prolongado, que mesmo assim tem um efeito finito, algo que acaba e deixa tudo pior quando acaba. Tudo que eu tenho sentido por esses últimos dias é esse maldito sufoco que eu às vezes sinto, sem saber de onde ele vem e sem saber quando ele vai embora. É um inferno que acontece dentro de mim, sem mais nem menos.
E aí tudo que eu faço parece idiota, ruim, tosco.
Cheguei a pensar que o motivo que tinha feito eu me sentir assim, tinha a ver com a série de acontecidos que tornaram essa semana diferente das outras, mas não foi, a confusão e o tumulto está dentro da minha cabeça e não para, fica ali me incomodando e esperando que eu enlouqueça pouco a pouco.
Eu saio por aí às vezes, falo com as pessoas e até resolvo os problemas delas e elas sequer percebem como eu me sinto. Meu pai é uma dessas pessoas, ele me liga todos os dias, conversa comigo e sempre diz que ainda bem que eu não me importo muito com as coisas, isso é quase como ouvir uma piada bem ruim, considerando que eu sou a pessoa que mais se importa com problemas que sequer são meus. Inclusive os problemas dele e os problemas das pessoas que me cercam.
O sufoco que eu sinto, às vezes pode não ser nem comigo, mas com a quantidade de lixo que as pessoas vão acumulando em cima de mim e que uma hora transborda, mas elas continuam ali, jogando mais e mais lixo. Meus problemas parecem pequenos aos olhos alheios, eu sou a pessoa que não se importa e que sempre está bem. Nesse ponto, eu até achava que fosse meio fraca, mas vejo que eu sou muito mais forte do que imaginava ser. Eu encaro as coisas de frente. Ou eu me escondo bem até tudo passar e eu me sentir segura pra sair novamente.
O problema é que eu já venho me escondendo faz um tempo e eu estou cansada. Tenho medo de que quando eu resolver sair lá fora eu tenha realmente perdido o senso de realidade, que eu esteja literalmente fora do toque dela e não saiba levar. Não tenho lidado bem com as minhas frustrações e ninguém sequer imagina o quanto isso tudo me incomoda, o quanto eu gostaria que as coisas fossem diferentes.
E eu até tento fazer com que elas mudem, mas não posso aceitar o lixo de todo mundo simplesmente porque as pessoas esperam que assim seja, não tem como. Então eu fico na minha e aí as pessoas começam a falar, querem se meter no que eu faço e no que eu não quero fazer, querem me ajudar, mas esperam que eu aceite tudo da forma como elas gostam e fazem. E eu não sou assim.
E isso tudo vai me sufocando, aos poucos.
Eu absorvo tudo que emana das pessoas ao meu redor, todos os seus problemas, os seus sentimentos ruins, eles grudam em mim e se mesclam aos meus próprios. Eu sou um receptor de maus sentimentos e talvez também seja um depósito de problemas gratuitos e recebo tantos que os meus próprios se perdem. Perco tanto tempo pensando em como posso ajudar as outras pessoas que não sobra tempo para pensar em cuidar de mim mesma.
Erro. Erro grande.
Mas o que eu tenho percebido ultimamente, também, é que eu ando de saco cheio. Simplesmente no mais chulo da expressão, estou de saco cheio das pessoas. De saco cheio dos problemas delas e de saco cheio das atitudes delas. E mais do que isso, estou de saco cheia de mim mesma, dos meus dramas interiores idiotas, da minha incapacidade de mudar a minha realidade e de tudo que eu gostaria de fazer e não posso. Estou apenas cansada, como há um bom tempo tenho estado, cansada de nada.

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