quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Do Monstro Que Um Dia Eu Fui


Não quero mais lembrar
Daquilo que um dia eu fui

Fui aquele monstro
A sugar a tua vida
A pisar nos teus sonhos

Pensava eu ser um gigante 
Um alguém majestoso
Com um nome e uma reputação

Pensava eu ser um nobre
Um grande rei
Um homem de verdade

Mas eu era o pior
Eu era o agressor 
E fiz de você minha vítima

Te prendi num cativeiro
Te torturei, te fiz sangrar
Ignorei todos os teus sinais

Teus pedidos de socorro
Eram alimento para minha alma sádica

Tirei a tua inocência
Te fiz crer que era você 
O merecedor de toda a dor 
O mártir

Era eu quem estava doente
Era eu quem precisava sofrer

Quando você escapou 
Eu te cacei por aí feito um louco 
Um maníaco
Obcecado e doente

Fui teu pesadelo 
E depois perdi a memória
Te pintei de vermelho
Acreditei que eu morreria nas tuas mãos

Te fiz de Diabo
Te amaldiçoei
Te odiei

Meu bem, não quero mais lembrar
Do monstro que eu fui
Do carrasco guardando a tua cela

Não quero lembrar do cárcere
Da tortura, do sangue derramado

Quero perder a memória
Essa que me assombra 
Que me caça no sono 
Que não me deixa dormir

Quero esquecer
Do monstro que um dia eu fui.

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